terça-feira, 13 de outubro de 2009

OS VAMPIROS DA EMPREGABILIDADE

* POr Renato Grinberg


A Internet é uma realidade nas empresas para diversos tipos de atividades, inclusive recrutamento e seleção de candidatos. Até a década de 1990, grande parte do processo de seleção era feita a partir de uma triagem de currículos impressos, o que gerava uma pilha de papéis e causava grande transtorno aos responsáveis pelo RH. Hoje, como se sabe, tudo ficou mais fácil e rápido com a adesão das empresas ao recrutamento online, seja pelo envio de currículos por e-mail ou então por companhias especializadas no setor que dispõem de expertise e milhares de currículos de profissionais de todo o país em seus bancos de dados. O trabalho feito por elas deve gerar confiança e credibilidade, tanto para os candidatos, quanto para as empresas contratantes. Porém, isso nem sempre acontece.



Recentemente, uma renomada empresa de recursos humanos e recrutamento online que atua no país foi condenada por supostamente ter furtado o banco de currículos de uma concorrente. A legislação online ainda é muito recente e, por este motivo, pode existir muitos pontos de discussão. Mas alguns conceitos são imutáveis independentemente de ser no mundo real ou virtual. Este ocorrido do furto de banco de dados é inadmissível em qualquer situação. Porém, infelizmente, esse não é um caso isolado de comportamento desonesto ou no mínimo antiético no mercado de empresas de recrutamento e seleção.



Há empresas que se aproveitam do momento de fragilidade de uma pessoa desempregada para, literalmente, tirar dinheiro dessa pessoa. Esses “vampiros da empregabilidade” colocam anúncios ou até mesmo ligam para pessoas em busca de trabalho, dizendo que há uma ótima oportunidade de emprego. Essa frase soa como música para quem está em busca de uma oportunidade no mercado ou procura uma recolocação profissional. Então, o próximo passo é pedir para que elas paguem um valor específico apenas para a realização de testes profissionais, com o pretexto de que a suposta empresa que está oferecendo a vaga exige esses testes. Mas, na realidade, nunca existiu vaga alguma e, por mais que os testes feitos sejam legítimos, a premissa para a pessoa realizá-los é falsa e criminosa. Uma atitude desleal com quem está em busca de emprego e dispõe de poucos recursos financeiros.



São as atitudes como essas que chamo de “vampirismo da empregabilidade”, que tornam não só o desafio das pessoas que buscam emprego mais difícil, mas também o das empresas sérias de recrutamento e seleção. O fato de algumas delas não utilizarem a Internet de forma clara, com sites que contenham muitas áreas restritas ou com poucas informações à disposição do usuário, faz com que surja desconfiança por parte dos usuários. Por isso, voltamos à questão da transparência e da credibilidade que uma empresa séria deve passar ao seu público de interesse. Deste modo, é importante procurar conhecê-la bem, assim como o método de trabalho e como funciona o seu processo de recrutamento, seja online ou offline. Respondo abaixo algumas dúvidas freqüentes e dou orientações para que os usuários em busca de oportunidades no mercado de trabalho não sejam enganados.



1) Por que o cadastro do currículo online pede, obrigatoriamente, dados pessoais como RG e CPF?

Isso é necessário para confirmar se essa pessoa realmente existe ou se foi realizado um cadastro falso. Estes dados não são, ou ao menos não deveriam ser, utilizados para nenhum outro fim.



2) Como se pode garantir que as oportunidades divulgadas são reais? Em primeiro lugar, você precisa saber se o portal de recrutamento é confiável. Procure informações sobre ele na Internet, na imprensa e no próprio site. Outro meio de fazer isto é verificar informações sobre a empresa que abriu a vaga, caso o nome dela tenha sido divulgado. Se a desconfiança for grande, entre no site institucional da empresa e ligue para perguntar sobre a oportunidade oferecida.



3) Por que algumas vezes não aparece o nome da empresa contrantante, mas apenas informa que é confidencial?

Isso depende da preferência da empresa de identificar-se ou não. Muitas vezes, as empresas preferem não se identificar para que candidatos não liguem diretamente para ela, pois seus funcionários de atendimento não teriam como lidar com essas ligações. Outras vezes a vaga é confidencial porque a empresa está substituindo algum funcionário.



4) Se me pedirem para pagar uma taxa mínima para eu concorrer a uma vaga, devo fazer isso? Minha recomendação é de nunca aceitar essas ofertas, por menor que seja a taxa, pois é um absurdo alguém pagar para concorrer a uma vaga. Tome cuidado para não cair em uma armadilha e a oportunidade não existir, como comentei anteriormente.



5) Os melhores portais de recrutamento online são aqueles que possuem mais vagas? Não necessariamente. O ponto mais importante para se escolher um portal de recrutamento online é a idoneidade dessa empresa, pois é muito fácil divulgar um grande número de vagas que podem não existir. Procure informações desses portais nas comunidades e fóruns online pois assim você poderá acompanhar o que usuários falam dessa empresa.



Renato Grinberg é diretor Geral do portal de empregos Trabalhando.com.br e especialista em carreiras e mercado de trabalho. Grinberg desenvolveu sólida carreira internacional, tendo trabalhado em empresas como a Sony Pictures e a Warner Bros., nos EUA. Na Warner, foi selecionado para um programa de desenvolvimento de executivos onde apenas quatro profissionais eram selecionados por ano entre centenas de candidatos vindos dos mais prestigiados MBAs americanos. Concluiu seu MBA na University of Southern California – Marshall School of Business, é pós-graduado em Marketing pela University of California - Los Angeles e formado em música e filosofia pela FAAM.